Terminais Portuários da Costa Leste dos EUA irão suprir o fluxo de cargas do Porto de Baltimore 

Em 01/04, as autoridades do Porto de Baltimore, em Maryland, anunciaram que disponibilizarão um corredor temporário de navegação para retirada de parte dos escombros da ponte que desabou e matou seis trabalhadores após ser atingida por um navio cargueiro no dia 26/03. A iniciativa visa permitir a passagem das embarcações consideradas essenciais para o terminal e para a limpeza dos destroços, mas sem possibilitar, ainda, o acesso aos navios cargueiros. Por isso, os portos ao longo da Costa Leste dos EUA, como o Porto de Virgínia, de Nova Iorque e de Nova Jersey estão adaptando suas operações para absorver as cargas desviadas de Baltimore, além disso, uma grande ferrovia também está expandindo seus serviços. 

O Porto da Virgínia, com terminais próximos a Norfolk, na foz da Baía de Chesapeake, abrirá seus portões mais cedo do que o habitual para facilitar a chegada de mais caminhoneiros. Enquanto os Portos de Nova York e Nova Jersey, que esperam cargas adicionais, incluindo veículos, estarão trabalhando para viabilizar um acesso rápido às empresas de transporte que usavam a rota de Baltimore.  

O desabamento da ponte na semana passada, que causou o fechamento (sem previsão de reabertura) do 17º maior porto dos EUA pode gerar complicações, atrasos e custos adicionais às companhias, já que dezenas de milhares de cargas precisam percorrer rotas mais longas em estradas e ferrovias já congestionadas. 

Os portos da Costa Leste podem lidar facilmente com os impactos imediatos do comércio em contêineres. (…) As consequências a longo prazo provavelmente serão mais graves, pois mesmo que os destroços sejam removidos, essa ponte é crucial para o porto, e o tráfego precisará ser desviado por rotas mais longas.”, explicou Sanne Manders, presidente de operações internacionais da plataforma digital de frete Flexport Inc. 

A CSX Corp., ferrovia sediada em Jacksonville, na Flórida, divulgou que está iniciando um serviço ferroviário para transportar cargas desviadas de Baltimore a partir de Nova York. 

Norfolk, Nova York e Charleston, na Carolina do Sul, são frequentemente os primeiros destinos dos navios de carga que partem de Baltimore em rotas regulares, conforme análise da PortWatch do Fundo Monetário Internacional (FMI), tornando-os nos terminais portuários mais prováveis para abarcar importações a curto prazo. 

No domingo, 31/03, 29 transportadores de carga a granel, contêineres e veículos estavam ancorados fora de 10 portos entre Boston e Jacksonville, um número maior se comparado aos 18 do sábado, como registrado no rastreamento via satélite da Bloomberg. 

Apesar de ainda não haver uma data estabelecida para a reabertura do canal de Baltimore, guindastes robustos estão sendo instalados para iniciar a remoção dos destroços da ponte, afirmou o secretário de Transportes dos EUA, Pete Buttigieg, no domingo à emissora CBS: “é crucial para nossas cadeias de abastecimento nacionais colocar este porto de volta em operação o mais rápido possível”. 

O governador de Maryland, Wes Moore, informou à CNN que o fechamento do porto proporcionará efeitos em cascata por todo o Leste dos Estados Unidos. “Este porto é um dos mais movimentados do país, então isso afetará o agricultor em Kentucky, o revendedor de automóveis em Ohio e o dono de restaurante no Tennessee”. 

Se as ações planejadas ocorrerem conforme o esperado, os motoristas de caminhão que normalmente atuam em Baltimore deverão conseguir fazer suas entregas e coletas esta semana em terminais de outras partes da região. 

O Porto de Nova York e Nova Jersey está trabalhando proativamente com nossos parceiros da indústria para responder conforme necessário e garantir a continuidade da cadeia de abastecimento ao longo da Costa Leste”, disse Bethann Rooney, diretora do porto, em um comunicado via e-mail. 

De acordo com a FourKites Inc., uma plataforma de visibilidade da cadeia de suprimentos, os desvios estão adicionando cinco dias aos prazos de entrega no transporte terrestre, como explicou Jason Eversole, vice-presidente de serviços profissionais da empresa: “mesmo com a remoção dos destroços, o tráfego na área será afetado, já que os motoristas de caminhão provavelmente aumentarão seus preços para levar cargas para dentro e para fora da região”. 

Diversos economistas já confirmaram que a destruição local causada pela ponte desmoronada e pelo fechamento do Porto de Baltimore permanecerá na região por alguns meses. 

Apesar de seu impacto econômico relativamente pequeno, esse evento é mais um exemplo dos tipos de choques que podem ocorrer na cadeia de suprimentos globalmente conectada, um alerta à necessidade de mais resiliência e autossuficiência. 

Esses tipos de choques têm sido sentidos no mundo todo, desde navios que desviam rotas ao redor da África para evitar ataques no Mar Vermelho, até atrasos no Canal do Panamá devido à seca. 

O comércio está se mantendo bem – os fluxos comerciais continuam, as empresas estão encontrando soluções alternativas e a maior parte das interrupções parece ser temporária”, disse Shanella Rajanayagam, economista comercial da HSBC Holdings Plc. em Londres. 

Os economistas do HSBC elevaram sua previsão de crescimento do comércio mundial em 2024 para 2,5% e mantiveram a perspectiva de expansão de 3,4% para o próximo ano. Isso representaria uma melhoria em relação a 2023, que muitos esperam mostrar pouca ou nenhuma evolução quando os números finais forem divulgados. 

Rajanayagam observou que embora as taxas de transporte de contêineres da Ásia para a Costa Leste dos EUA possam temporariamente aumentar após o desastre de Baltimore, os principais riscos para o comércio global estão relacionados à geopolítica, protecionismo, incerteza eleitoral e mudanças climáticas. 

Atualmente, as perspectivas apontam mais para o lado negativo do que para o positivo, então faz sentido nos prepararmos para esses choques”, concluiu ela. 

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