Tendências logísticas e o fator humano: como se preparar?

Em um mundo em que as cadeias de suprimentos estão mais complexas e interdependentes, garantir visibilidade total e acesso a dados em tempo real deixou de ser uma vantagem competitiva — tornou-se uma necessidade. Assim, entre as principais tendências logísticas, destaca-se não apenas o avanço da tecnologia, mas também um terceiro elemento decisivo nesse processo: o fator humano.

O Mapa de Tendências de Logística, estudo global da Maersk (abril de 2025) em parceria com a Statista, ouviu mais de 500 tomadores de decisão e especialistas do setor. O objetivo: identificar as dez tendências que mais impactarão a logística global.

Entre as prioridades, ganham destaque a visibilidade da cadeia de suprimentos e a Internet das Coisas (IoT). Surpreende, no entanto, a posição da Inteligência Artificial. Embora apresente prestígio e debates, ela aparece em último lugar no ranking.

Mais do que um diagnóstico, o estudo funciona como guia estratégico. Ajuda empresas a enfrentar disrupções e aproveitar oportunidades que vão moldar o setor nos próximos anos.

Acima de tudo, traz uma mensagem clara: nenhuma tecnologia substitui a liderança humana. Colocar pessoas, dados e visibilidade no centro das decisões é o caminho para construir cadeias mais resilientes, sustentáveis e preparadas para o futuro.

Quer saber como se preparar para os desafios? Continue a leitura abaixo. 

10 principais tendências logísticas

Com a ampliação das cadeias de suprimentos e a integração de diferentes modais, os desafios logísticos se multiplicaram. Logo, instabilidades geopolíticas, pressões ambientais, falta de mão de obra e eventos inesperados — como greves ou desastres naturais — exigem respostas cada vez mais rápidas e precisas.

Nesse sentido, a visibilidade da supply chain deixou de ser um diferencial. Hoje, é essencial para tomar decisões melhores, antecipar riscos e manter o fluxo logístico em funcionamento.

A seguir, listamos as 10 tendências apontadas pela pesquisa: 

1 – Visibilidade da cadeia de suprimentos

Para 86% dos tomadores de decisão em logística, a visibilidade é hoje o fator mais crítico para o sucesso operacional, de acordo com a pesquisa. Com cadeias cada vez mais complexas, enxergar cada etapa — do fornecedor ao cliente final — tornou-se indispensável.

Assim, a visualização em tempo real permite acompanhar estoques, pedidos e movimentações com precisão. Isso contribui para decisões mais ágeis, operações eficientes e uma experiência melhor para o cliente. É a base para cadeias mais resilientes e inteligentes.

2 – Internet das Coisas (IoT) 

A IoT se consolida como uma aliada estratégica na logística moderna. Por meio de sensores instalados em contêineres, veículos e armazéns, as empresas obtêm dados precisos e atualizados sobre localização, temperatura, umidade e outras variáveis críticas. 

Essa conectividade constante promove o rastreamento contínuo de cargas, reduz perdas e desperdícios, melhora o controle de qualidade e fortalece a visibilidade da cadeia. Além disso, a IoT contribui para decisões mais assertivas e ações ágeis, reforçando a eficiência operacional. 

3 – Diversificação da cadeia de suprimentos 

Para mitigar riscos e garantir continuidade nas operações, empresas estão ampliando suas bases de fornecedores, buscando novas localizações produtivas e adotando estratégias de regionalização. 

Reduzir a dependência de um único fornecedor ou região específica aumenta significativamente a resiliência e a estabilidade operacional.

Portanto, a construção de redes globais e diversificadas permite o balanceamento de demandas entre regiões, enquanto o nearshoring — aproximação da produção de centros de consumo — contribui para reduzir prazos, custos logísticos e exposição a riscos internacionais. 

Essa tendência tem se mostrado particularmente estratégica em setores como o automotivo, o farmacêutico e o de produtos perecíveis, onde a confiabilidade no fornecimento é essencial para manter a eficiência e o fluxo contínuo das operações. 

4 – Resiliência financeira 

Em um ambiente econômico instável, marcado por inflação, flutuações cambiais e incertezas globais, as empresas estão reforçando sua resiliência financeira.

Isso inclui a implementação de controles de custos mais rigorosos, planejamento de cenários e investimentos em tecnologias que otimizam recursos e aumentam a produtividade. 

5 – Transformação digital 

A digitalização de processos logísticos possibilita maior automação, integração entre sistemas e uso avançado de dados.

Setores como tecnologia, saúde e automotivo já colhem os benefícios da transformação digital em suas operações, enquanto empresas em mercados mais tradicionais aceleram sua adoção. 

6 – Segurança cibernética 

Conforme tecnologias como IoT, inteligência artificial e plataformas digitais se integram à logística, aumentam, também, os riscos e vulnerabilidades cibernéticas.  

Por isso, a segurança cibernética é considerada um requisito básico e essencial para garantir a integridade dos sistemas, evitar interrupções, prevenir vazamentos de informações e proteger a cadeia de suprimentos contra ataques maliciosos. 

7 – Entrega de última milha  

Com o avanço do e-commerce e a crescente exigência por entregas rápidas e personalizadas, as tendências logísticas de última milha estão entre os principais focos de inovação no setor.

Lockers inteligentes, veículos elétricos, bicicletas de carga, drones e robôs autônomos são soluções que têm sido cada vez mais utilizadas, principalmente nos setores de varejo, moda e bens de consumo. 

Essas tecnologias estão transformando a logística urbana ao otimizar rotas, descentralizar centros de distribuição e reduzir o congestionamento e as emissões de carbono. A adoção inicial dessas inovações é fomentada não só por razões econômicas, como também pela crescente pressão por descarbonização nas cidades. 

8 – E-commerce

A expansão global do comércio eletrônico vem exigindo agilidade, eficiência e inovação contínua. O setor passou a operar em um novo ritmo, impulsionado pelas altas expectativas dos consumidores por entregas rápidas, elevadas taxas de devolução e exigências crescentes por rastreamento e transparência. 

Assim como o e-commerce molda um novo padrão de consumo, ele também impulsiona a adoção de práticas logísticas mais circulares, eficientes e centradas no cliente, antecipando a próxima grande tendência: a economia circular aplicada à logística.

9 – Economia circular 

Em contraste com o modelo linear tradicional — baseado em extração, uso e descarte —, a economia circular propõe um sistema regenerativo, focado na redução de resíduos, recuperação de recursos e prolongamento do ciclo de vida dos produtos. No contexto da logística, isso se traduz na adoção de práticas como a logística reversa, que permite o retorno de produtos para reutilização, reparo ou reciclagem.

Outros pilares dessa transformação envolvem a minimização do desperdício nas etapas de armazenamento e transporte por meio do uso de materiais de embalagem reutilizáveis, recicláveis ou biodegradáveis.

Soluções criativas como o upcycling e o reaproveitamento de resíduos também ganham força — por exemplo, o uso de papel picado como material de isolamento ou para embalagens ecológicas. 

10 – Inteligência Artificial (IA) 

Sua utilização pode oferecer ganhos substanciais em eficiência, agilidade e tomada de decisões em tempo real. Só para exemplificar: especialistas apontam que o verdadeiro potencial da IA está em sua capacidade de antecipar demandas, melhorar a gestão de estoques e tomar decisões automatizadas com base em grandes volumes de dados.  

Entretanto, a implementação da IA ainda enfrenta barreiras (falta de profissionais qualificados, resistência cultural a mudanças e limitações da capacidade computacional atual), que dificultam a escalabilidade dessas soluções.  

Para que a IA atinja seu pleno potencial na logística, é essencial que as empresas invistam em infraestrutura tecnológica robusta, capacitação contínua das equipes e um planejamento estratégico focado na mudança cultural e na inovação. 

O fator humano nas tendências logísticas do futuro 

Com as recentes instabilidades globais — conflitos internacionais, eventos climáticos extremos e restrições comerciais — empresas vêm repensando suas estratégias de fornecimento. Resiliência, então, significa ser capaz de responder rapidamente a imprevistos, sem comprometer a operação. E isso requer mais do que tecnologia. 

Enquanto as tendências logísticas visam aprimorar a satisfação do cliente, otimizar custos e acelerar a tomada de decisões, é o ser humano que interpreta dados e garante a adaptabilidade das operações. 

A transformação digital impõe uma nova curva de aprendizado. Profissionais precisam desenvolver habilidades analíticas, pensamento crítico, domínio tecnológico e capacidade de atuar sob pressão. Ao mesmo tempo, habilidades como resiliência emocional, empatia e comunicação eficiente tornam-se diferenciais em ambientes colaborativos e altamente dinâmicos. 

A digitalização não substitui o capital humano — pelo contrário, ela o potencializa. Contudo, isso só é possível quando há investimento contínuo em qualificação, tanto na linha de frente quanto nos cargos de liderança. 

A logística do futuro não será movida apenas por algoritmos, sensores e dashboards, mas também será sustentada por profissionais preparados, engajados e capazes de lidar com a complexidade e a volatilidade do mundo atual.

Futuro em foco: tendências logísticas e o papel estratégico do fator humano

Em um mercado cada vez mais competitivo, as empresas que aliarem tecnologia de ponta a um olhar estratégico e humano sobre a operação estarão mais bem posicionadas para crescer — com eficiência, sustentabilidade e impacto positivo. 

Para isso, as organizações precisam assumir um papel ativo no desenvolvimento de talentos. Isso envolve criar ambientes de aprendizado contínuo, promover capacitações voltadas às competências do futuro e incentivar uma cultura que valorize a inovação e a adaptabilidade. O estímulo às soft skills — como colaboração, criatividade e resolução de problemas — deve caminhar lado a lado com o domínio de ferramentas digitais e metodologias ágeis. 

Por fim, do lado dos colaboradores, é fundamental adotar uma postura de protagonismo em relação ao próprio desenvolvimento. Buscar atualização constante, compreender o impacto das tecnologias nas rotinas logísticas e estar aberto a mudanças são atitudes essenciais para acompanhar a evolução do setor. 

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