As exportações chinesas apresentaram um aumento de 8,7% em agosto em relação ao mesmo mês de 2023, totalizando US$ 308,65 bilhões, acima da previsão de alta de 6,5%. Esse aumento foi o quinto consecutivo e expandiu o superávit comercial do país de US$ 84,65 bilhões em junho para US$ 91,02 bilhões em agosto. Em comparação com julho, as exportações cresceram 7%.
Mas as importações chinesas subiram apenas 0,5% em relação ao ano anterior, abaixo da expectativa de 2%. Já no mês de julho, o crescimento foi de 7,2%.
No comércio Brasil-China, houve uma queda de 13,7% no superávit, de US$ 33 bilhões para US$ 28 bilhões. Porém, as exportações brasileiras para a China aumentaram 1,9% – de US$67 bilhões para US$ 69 bilhões até agosto deste ano – enquanto as importações de produtos chineses subiram 16,7%, de US$ 34 bilhões para US$ 40 bilhões.
Rodrigo Giraldelli, especialista em comércio exterior entre Brasil e China, destaca que o comércio bilateral está se fortalecendo, com o Brasil se firmando como o principal fornecedor da América Latina para o mercado chinês.
“A balança comercial reflete a diferença entre o que o Brasil exporta e importa da China. Em agosto, nossas exportações superaram as importações, resultando em um superávit com a China. Neste ano, o Brasil exportou US$ 69 bilhões e importou US$ 40 bilhões, o que nos dá um superávit de US$ 28 bilhões. Apesar de ser 13% menor em relação ao ano passado, ainda é um excelente superávit”, afirma Giraldelli.
Veículos se destacam nas importações
O principal responsável pelo aumento nas importações foram os veículos, que tiveram um crescimento de 178%, seguidos por produtos químicos (36%) e móveis e mobiliário (30%). Em contrapartida, algumas categorias apresentaram quedas nas importações para a China. O minério caiu 97,8%, combustíveis diminuíram 72,8% e itens como malte, amido e féculas tiveram uma redução de 65,8%.
O especialista, que atua no comércio exterior com a China há mais de 20 anos, explica: “o grande crescimento no setor automotivo se deve ao recente aumento do imposto de importação para carros híbridos e elétricos no Brasil. As novas taxas, que entraram em vigor no dia 1º de julho, são de 25% para modelos híbridos, 20% para híbridos plug-in e 18% para veículos totalmente elétricos. Antecipando-se a essas mudanças, as empresas intensificaram as importações desses veículos para maximizar seus lucros antes da aplicação das novas taxas, o que altera significativamente a balança comercial”.
Analisando os estados, os maiores aumentos nas exportações para a China foram observados no Espírito Santo, com 12,6%, seguido pelo Pará, com 6,1%, e pelo Rio de Janeiro, com 6%. Em relação às importações, o Espírito Santo também lidera, com um crescimento de 64,2%, seguido pelo Amazonas (22,6%) e pela Bahia (20,5%). Giraldelli ressalta que o Brasil tende a exportar muitas commodities e importar produtos acabados, o que significa que a industrialização acontece na China. Para impulsionar a economia, o Brasil precisaria aumentar sua capacidade de industrialização.
“Apesar das oscilações, a expectativa é de um crescimento contínuo e diversificado nas relações comerciais entre Brasil e China, beneficiando ambos os países. Com um cenário de oportunidades e progresso mútuo, as perspectivas para os próximos anos são de uma intensificação ainda maior do intercâmbio comercial entre a China e a América Latina, consolidando parcerias estratégicas e fortalecendo a economia regional. Diante desse contexto, é crucial que as empresas brasileiras aproveitem as oportunidades oferecidas pelo mercado chinês e busquem maneiras de expandir sua presença e competitividade nesse ambiente globalizado”, conclui Giraldelli.
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