Especialistas acreditam que o Brasil tem potencial para se tornar um líder global na exportação de descarbonização do aço nos próximos 25 anos 

A redução das emissões de gases de efeito estufa na produção de aço deve se tornar uma questão crítica nos próximos anos, criando uma oportunidade para as mineradoras e siderúrgicas brasileiras. Além de atender à demanda interna por aço verde, o Brasil pode se destacar na exportação de materiais intermediários que ajudam a diminuir o impacto ambiental das usinas ao redor do mundo. 

Os especialistas ressaltam que a exportação de HBI (Hot Briquetted Iron) representa uma grande chance. O HBI é uma forma mais concentrada de ferro-esponja (DRI), produzido através de um processo de redução do minério de ferro usando gás natural, o que resulta em 60% menos emissões. 

O gás natural é visto como uma solução transitória para o desenvolvimento da siderurgia com hidrogênio verde, uma tecnologia inovadora que promete atingir emissões zero. No entanto, ainda falta infraestrutura para uma produção em larga escala. 

O HBI gerado a partir de gás pode ser utilizado por usinas integradas, que representam 70% da siderurgia mundial na rota tradicional de alto-forno, substituindo de forma significativa produtos poluentes como o coque. A Vale, por exemplo, já está se preparando para exportar HBI, estabelecendo parcerias no Oriente Médio e desenvolvendo grandes centros de produção. A CSN Mineração também está se juntando ao Low-Carbon Iron Hub nos Emirados Árabes Unidos. 

No Brasil, a Vale está colaborando com o Porto do Açu para explorar a criação de um Mega Hub no norte do Rio de Janeiro e está desenvolvendo um hub para hidrogênio verde no Complexo de Pecém, no Ceará. Isso pode apoiar a ArcelorMittal Brasil na sua descarbonização. A Gerdau também planeja atualizar suas tecnologias após 2030, considerando o DRI como uma alternativa para reduzir as emissões. 

Danielle Cristina Camilo Magalhães, professora da UFSCar, observa que exportar HBI será mais vantajoso, pois o transporte do produto é mais simples e apresenta menos riscos comerciais. “O Brasil tem condições para exportar tanto o hidrogênio verde quanto utilizar o gás na produção e exportação do briquete (HBI). Caso o país atue como um importante exportador de briquete, seria um valor agregado muito positivo para o produto”, disse. 

José Adilson de Castro, professor da UFF, ressalta que essa iniciativa faz parte do esforço global para substituir o carvão mineral, que é responsável por uma significativa parcela das emissões de gases de efeito estufa. O desafio é encontrar substitutos sustentáveis e o Brasil, com suas reservas de gás natural, está bem-posicionado para isso. 

No entanto, a oferta atual de gás no Brasil é insuficiente e precisa ser expandida. Estudos indicam que essa pode triplicar até 2030 se a Petrobras ajustar seus processos produtivos. Com mais gás disponível, o Brasil poderá impulsionar a produção de aço verde e aproveitar as oportunidades econômicas da exportação de HBI, facilitando a transição para o hidrogênio verde. 

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