A seca que atinge o Brasil tem afetado gravemente as operações da Zona Franca de Manaus, resultando em custos adicionais expressivos para o setor industrial. Segundo informações da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), a estiagem deverá gerar um aumento de R$ 500 milhões em despesas de transporte neste ano.
Esse aumento, chamado de “taxa seca“, é consequência das medidas que as indústrias adotaram para minimizar os impactos da crise hídrica no fluxo de entrada e saída de mercadorias do polo industrial. De acordo com Antônio Silva, presidente da Fieam, essa taxa pode chegar a US$ 5 mil por contêiner em razão do uso de rotas alternativas para lidar com a falta de navegabilidade nos rios.
“Não temos a BR-319 asfaltada, a rodovia que liga o Amazonas a Rondônia e ao restante do país. Além disso, o transporte fluvial, que é crucial para a maioria dos produtos do Polo Industrial de Manaus, se torna inviável para grandes embarcações durante a seca,” ressaltou Silva.
Com as dificuldades no transporte, as empresas têm buscado rotas alternativas e aumentado seus estoques de componentes para driblar os desafios logísticos. Muitas indústrias também estão recorrendo a contratos de venda antecipada para mitigar os riscos de abastecimento incerto.
A crise hídrica também está pressionando os custos de energia, que já representam uma parte importante das despesas do setor. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou na última semana o aumento da bandeira vermelha patamar 1 para setembro, o que adiciona R$ 4,463 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. Essa medida foi necessária pela baixa disponibilidade hídrica que afeta as hidrelétricas, principal fonte de energia no Brasil.
O setor industrial, responsável por quase 32% do consumo de eletricidade no país, está sendo particularmente prejudicado. De acordo com um relatório da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a eletricidade representa 21,5% do consumo energético da indústria, sendo complementada por fontes como o bagaço de cana e o carvão mineral.
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