O setor aquaviário registrou um crescimento de 4,28% no primeiro semestre de 2024, movimentando 644,76 milhões de toneladas de cargas, conforme apontam os dados divulgados no Painel Estatístico Aquaviário da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ).
Esse aumento foi impulsionado principalmente pelas cargas conteinerizadas, além de um crescimento expressivo nos granéis sólidos e líquidos. Esses três tipos de carga alcançaram a maior movimentação da série histórica para o primeiro semestre do ano desde 2010.
Em junho, foram movimentadas 119,2 milhões de toneladas de cargas. No mesmo mês em 2023, a movimentação foi de 113,8 milhões de toneladas. Entre os principais destaques do mês estão os fertilizantes (+17,33%), o açúcar (+17,22%) e a bauxita (+11,79%).
No que se refere às cargas conteinerizadas, a movimentação foi recorde, atingindo 73,3 milhões de toneladas no primeiro semestre, um crescimento de 22,72% em relação ao mesmo período do ano anterior. Desse total, 49,3 milhões de toneladas foram movimentadas em rotas de longo curso, 23,2 milhões por cabotagem e 0,7 milhão por navegação interior e apoio portuário. Nos primeiros seis meses do ano, a cabotagem de contêineres cresceu 30,22% em comparação com 2023.
Retomada de contêineres
Analisando o histórico dos últimos quatro anos na movimentação de contêineres, observa-se uma retomada da atividade em diversos portos do país, indicando um crescimento contínuo.
Após dois anos de queda e estagnação, a movimentação recorde de contêineres superou o desempenho observado em 2021, ano marcado pela pandemia, quando o transporte de mercadorias por contêiner teve grande relevância.
Esse crescimento recorde coincide com sinais de reindustrialização no país. Em junho, dados do IBGE indicaram um aumento de 4,1% na produção industrial, a maior alta desde julho de 2020 (+9,1%).
Formulação de políticas públicas
“O Painel Estatístico é uma ferramenta que entrega dados essenciais para todos que precisam dessas informações na formulação de políticas públicas, correção de rumos e incentivo ao setor”, destacou Eduardo Nery, diretor-geral da ANTAQ, durante a apresentação dos dados.
O Ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, enfatizou a relevância dos complexos portuários brasileiros para o crescimento da economia do país. “O Brasil voltou a crescer, e precisamos investir cada vez mais em nossos portos públicos, aprimorar a governança, a infraestrutura operacional, realizar dragagens, e melhorar a inteligência dos nossos portos, pois isso gerará competitividade e mais operações para o país”.
Movimentação por região
A região Sudeste movimentou 322,5 milhões de toneladas no primeiro semestre, um crescimento de 6,1%. Os destaques foram as movimentações de petróleo e derivados (exceto óleo bruto) com aumento de 19,62% e minério de ferro com 10%.
O Nordeste, responsável por 23,1% do total movimentado, apresentou um aumento de 4,1% no semestre, totalizando 149,2 milhões de toneladas. Minério de ferro (+6,16%) e petróleo e derivados (+2,38%) se destacaram.
No Sul, houve crescimento de 4,6%, com 90,8 milhões de toneladas movimentadas no período, sendo o açúcar (+77,60%) e a soja (+18,31%) os principais.
O Centro-Oeste, que representa 0,4% do total movimentado no Brasil, registrou 2,7 milhões de toneladas (-46,4%). A região conta com cinco instalações portuárias.
Na região Norte, foram movimentados 79,5 milhões de toneladas de cargas, um aumento de 0,6% no semestre. Os destaques foram o milho (+17,92%) e a bauxita (+3,16%).
Perfis de carga
Os granéis sólidos, que representam 59,4% do total movimentado pelos portos, cresceram 3,65% em comparação com o primeiro semestre de 2023, com um total de 383 milhões de toneladas movimentadas.
Os granéis líquidos mantiveram-se estáveis, com um leve crescimento de 0,02% em relação ao mesmo período de 2023. Por outro lado, as cargas gerais apresentaram uma queda de 2,02% nos primeiros seis meses do ano em comparação a 2023.
Navegação
A movimentação de cargas de longo curso foi de 452,9 milhões de toneladas no primeiro semestre de 2024, registrando um crescimento de 5,69% em comparação ao mesmo período do ano anterior, impulsionado principalmente pelas exportações, que cresceram 5,78%, enquanto as importações aumentaram 5,30%.
A cabotagem cresceu 3,94% em comparação ao mesmo período do ano passado, atingindo 147,7 milhões de toneladas. O apoio marítimo também apresentou crescimento de 10,61%, com movimentação de 0,6 milhões de toneladas.
Por outro lado, a navegação interior registrou uma queda de 7,47% no primeiro semestre, movimentando 42,6 milhões de toneladas. Da mesma forma, as operações de carga em apoio portuário tiveram um recuo de 12,67%.
Terminais Privados
Os Terminais de Uso Privado (TUPs) movimentaram 413,2 milhões de toneladas no primeiro semestre de 2024, um aumento de 2,12% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Entre os cinco TUPs que mais movimentaram no semestre, o destaque foi o Terminal Marítimo de Ponta da Madeira (MA), com crescimento de 6,47%, registrando 74,7 milhões de toneladas movimentadas.
Portos Públicos
Os portos públicos movimentaram 231,6 milhões de toneladas nos primeiros seis meses do ano, um aumento de 8,37% em comparação ao mesmo período do ano anterior.
O Porto de Santos foi o que mais movimentou no semestre, com 68,6 milhões de toneladas, representando um crescimento de 8,42% em relação ao mesmo período de 2023. O porto respondeu por 10,6% de toda a movimentação portuária dos primeiros seis meses do ano.
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